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Bolsonaro caminha pelas ruas criando aglomerações, com a clara intenção de promover contaminação coletiva. A tese dele é simples, e já foi repetida por Crivela: a pandemia acaba se todos estiverem imunizados. O próprio Bolsonaro tira essa ideia de sua experiência. Ele pegou o vírus, está imunizado, e por isso mesmo não mostra o exame médico. O que está implícito nessa tese? A ideia de que para nos livrarmos da pandemia temos de matar milhares, os mais fracos. É uma ideia nazista.
No livro Bios - biopolítica e filosofia, do filósofo italiano Roberto Espósito (Lisboa: Edições 70, 2018), especificamente na página 166, há o aviso do autor sobre o imbricamento entre cura e assassinato na biomedicina nazista. Muitos médicos nazistas chegaram a acreditar que cumpriam com o juramento de Hipócrates ao pé da letra quando, obedecendo o ideário do partido, ou faziam experiências com os mais débeis ou simplesmente os punham à morte. Pois este era o modo de produzir uma sociedade com uma população sem os débeis, mais saudável, livre de doenças.
Esse raciocínio funciona para o Bolsonaro e sua claque, e está nas entrelinhas dos textos dos médicos que pertencem aos seus quadros. Primeiro: se todos pegarem a doença, nos livramos dela. O custo de vidas e o custo social não importa. Nem mesmo o custo político! Segundo: se a cloroquina é um remédio, não importa que não funcione, o que se deve fazer é continuar utilizando dela até para ver o que vai ocorrer, afinal, se alguns se salvarem, estes também serão os mais fortes e mostrarão que, com eles, a droga funciona. Se ela funciona com os mais fortes, então, é tudo que se deseja.
Assim, se Bolsonaro não é nazista no campo do governo político, uma vez que é preguiçoso e não consegue criar um estado forte, e então opta pelo anarcocapitalismo, isso não significa que ele não carregue uma série de ideias autoritárias tipicamente nazistas. Seu compromisso com o biopoder que se manifesta em nossos tempos é claramente genocida.
Essa inversão do compromisso com Hipócrates deveria ser observada pelo nosso ensino de medicina, e deveria ser estudada pelo nosso ensino de direito. É uma visão em que a vida é tomada segundo uma conceituação que elimina o rosto da vida individual. Trata-se de perceber que vivemos na época da biopolítica. Que o poder se exerce pelo seu entrosamento com os corpos. Mas que o corpo parece estar sob o invólucro de um imperativo que pode ser explicitado mais ou menos assim: “só vale a pena a vida ser vivida se ela é a vida mais imune à morte”. Nesse caso, a ideia de vida e de corpo se deslocam para o plano de um tipo de seleção forjada pela natureza, em princípio, mas que, na verdade, é executada pelo estado, pelos agentes públicos e privados de uma política de higienização pervertida. Escolhe-se quem deve morrer: velhos, desnutridos, pobres, populações vulneráveis e assim por diante. Isso é genocídio, não Hipócrates.
Bolsonaro precisa ser parado. Por não tomarmos a decisão de pará-lo, estaremos nos comprometendo com o genocídio do mesmo modo que todos que não lutaram contra o nazismo acabaram se comprometendo.
Paulo Ghiraldelli, 62, filósofo. Autor entre outros de A filosofia explica Bolsonaro (Editora Leya).