Em um movimento digno de um verdadeiro mestre da ironia, o prefeito de Campo Limpo Paulista – SP, Adeildo Nogueira (PL), decidiu dar um golpe de mestre na tal da crise financeira que ele mesmo causou. No último decreto de Calamidade Financeira, publicado pela istração municipal, a suspensão do início de novas obras foi uma das principais medidas anunciadas. Isso se aplicaria, claro, a qualquer projeto novo, que deveria ser reavaliado diante da grave situação financeira do município. Mas, como dizem, “regra é para ser quebrada”, e o alcaide Nogueira decidiu que a reforma de seu gabinete, essa sim, não poderia esperar.
Nada como um toque de “prioridade pessoal” em meio ao caos, não é mesmo? A reforma do gabinete do prefeito, agora, será a grande estrela de Campo Limpo Paulista, enquanto o município luta para pagar suas contas e sustentar serviços essenciais. A cidade está mergulhada em um cenário de penúria, com a população enfrentando problemas básicos, como falta de professores nas escolas, atraso na entrega de uniformes e kits escolares para os alunos. Mas nada disso parece ser motivo de preocupação para Nogueira, que, em vez de usar seus recursos limitados para suprir as carências da cidade, opta por dar um toque de sofisticação ao seu próprio espaço de trabalho.
Na sessão da Câmara Municipal, realizada nesta terça-feira (18), a vereadora Kesley Foresto (PL) apareceu como defensora de tamanho “pragmatismo”. Ela se fez presente para justificar a ação do prefeito, argumentando que a reforma do gabinete era “uma promessa de campanha”. Um detalhe que a vereadora convenientemente esqueceu de mencionar é que, enquanto o gabinete do prefeito vai ar por reformas luxuosas, várias escolas da cidade ainda lidam com uma grave falta de professores, alunos sem uniformes e kits escolares, e um déficit de investimentos em infraestrutura educacional.
A fala de Kesley foi uma verdadeira obra de arte da dissonância. O argumento de que a reforma do gabinete é uma promessa de campanha soa mais como uma tentativa desesperada de justificar algo absolutamente inapropriado para o momento que a cidade enfrenta. Enquanto o prefeito se prepara para “melhorar” sua sala de trabalho, as ruas da cidade permanecem repletas de buracos, escolas sem recursos, e a população, sem saber quando a calamidade financeira, agora oficialmente decretada, será superada.
Campo Limpo Paulista, como tantas outras cidades brasileiras, continua a ver suas prioridades completamente distorcidas. O que mais impressiona é o fato de que essa “reforma de gabinete” está sendo defendida como uma questão de “honrar compromissos de campanha”, enquanto questões básicas de educação e saúde ficam em segundo plano. O exemplo dado pelo prefeito e sua base na Câmara é claro: quando a crise aperta, o melhor caminho é fazer obras para agradar a si mesmo – o povo que espere.
Se esse não for o ápice da hipocrisia política, é difícil imaginar o que mais poderia ser. O que era para ser uma crise de gestão se transformou em uma crise de prioridades, onde o prefeito prefere reformar seu gabinete do que garantir um futuro melhor para as crianças e a população da cidade.
