Durante anos, o discurso sobre a força militar brasileira foi construído com um único objetivo: incutir na mente do povo a ideia de que os militares são os defensores inabaláveis da soberania nacional, preparados para enfrentar qualquer ameaça externa com coragem e resistência. Segundo essa visão, eles ariam qualquer adversidade, até́ mesmo a tortura nas mãos de inimigos.
No entanto, a realidade vem mostrando uma face bem diferente. Recentemente, o coronel Mauro Cid, quando confrontado por um juiz da Suprema Corte durante uma inquirição, deixou transparecer toda a fragilidade que muitos preferem ignorar. Em um momento de tensão, o coronel não hesitou em chorar, assustado e claramente amedrontado, e para completar a cena, desmaiou após a sessão. Isso levanta uma pergunta essencial: como acreditar em uma instituição que prega força e coragem, mas revela vulnerabilidade diante do menor desafio?
Nunca fui fã desse estereótipo de “heróis nacionais”. Na minha visão, os militares, em sua grande maioria, não am de uma máquina de consumir os recursos do povo brasileiro. A ideia de que estão sempre prontos para proteger a pátria contra inimigos externos soa cada vez mais como uma narrativa vazia, construída para justificar gastos exorbitantes e uma presença militar cada vez mais crescente em esferas políticas e sociais.
E como muito bem escreveu Manuel Domingos Neto, "Militares se preparam para enfrentar o povo, não inimigos externos". Esta frase, simples, mas certeira, captura a essência de um problema muito maior que a nação enfrenta: em vez de estarem preparados para defender a soberania contra ameaças estrangeiras, os militares estão mais preocupados em manter uma posição de controle sobre a população interna, muitas vezes em detrimento de sua verdadeira função.
Portanto, é hora de repensarmos o papel dos militares na nossa sociedade e desmistificarmos a ideia de que são imunes ao medo ou a fraquezas humanas. O povo brasileiro merece algo mais do que uma narrativa fabricada sobre coragem e lealdade; merece saber a verdade sobre como essas instituições realmente funcionam e para que servem.
