O comportamento agressivo e desrespeitoso do senador Plínio Valério (PSDB-AM) contra Marina Silva (Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima) em audiência no Senado é um episódio lamentável que contraria frontalmente os princípios históricos do PSDB. Um partido que já foi referência em civilidade política, respeito institucional e compromisso com o debate qualificado não pode se calar diante de tamanho destempero.
Mais estarrecedor do que o ato isolado do senador é o silêncio ensurdecedor da direção nacional tucana. Nenhuma nota, nenhum repúdio, nenhum afastamento – nada. A omissão é grave e sintomática: parece anunciar que o novo PSDB, prestes a se fundir com o Podemos, vai finalmente assumir seu flerte com o bolsonarismo e se consolidar no campo da direita, abandonando de vez seu ado social-democrata.
O PSDB que já teve Fernando Henrique, Mário Covas e Franco Montoro como referências agora hesita em reprovar o desrespeito a uma ministra com trajetória internacional em defesa do meio ambiente. Isso diz muito sobre para onde o partido está indo – e para onde não voltará mais.
Flávio Campos, sociólogo e presidente interino da Zonal do PSDB na Lapa, em São Paulo – SP.
