Agricultura familiar: a verdadeira força por trás da alimentação dos brasileiros

20/12/2024 14h58 - Atualizado em 20/12/2024 às 14h58

Enquanto o agronegócio brasileiro é frequentemente associado à exportação de commodities como soja, milho e carne bovina, é a agricultura familiar que desempenha o papel mais importante na alimentação da população do país.
 
Segundo dados do Censo Agropecuário do IBGE, cerca de 70% dos alimentos que chegam às mesas dos brasileiros são provenientes de pequenos produtores familiares. Esse contraste evidencia um fenômeno pouco discutido: a força discreta da agricultura familiar no abastecimento interno.
 
A agricultura familiar, que inclui propriedades de até quatro módulos fiscais e é operada majoritariamente por membros da família, se destaca pela diversificação da produção. Hortaliças, frutas, feijão, mandioca, arroz e leite são alguns dos itens essenciais fornecidos por esses pequenos agricultores. Isso se contrapõe ao modelo do agronegócio, que prioriza monoculturas e grandes escalas voltadas para exportação.
 
Outro ponto de destaque é o papel social da agricultura familiar. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), esse segmento é responsável por empregar mais de 10 milhões de pessoas, respondendo por aproximadamente 67% da mão de obra no campo. Além disso, a presença desses pequenos produtores em diferentes regiões do país contribui para a dinamização da economia local e a redução do êxodo rural.
 
Ainda assim, a agricultura familiar enfrenta desafios consideráveis, como o o limitado a crédito, políticas públicas insuficientes e dificuldade em competir com os grandes produtores do agronegócio. A ausência de infraestrutura adequada, somada à precariedade de assistência técnica, muitas vezes impede que esses agricultores alcancem maior produtividade e eficiência.
 
Nos últimos anos, iniciativas como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) têm buscado fomentar o setor. No entanto, especialistas apontam que ainda há um longo caminho a percorrer para garantir a valorização e o apoio adequado a esses pequenos agricultores, que, apesar das adversidades, continuam sustentando a alimentação de milhões de brasileiros.
 
Diante desse cenário, surge a necessidade de uma reflexão sobre as políticas de desenvolvimento rural e o papel estratégico da agricultura familiar. Se o Brasil almeja uma segurança alimentar sustentável e equitativa, é imprescindível que se reconheça e se fortaleça esse segmento, que não só alimenta o país, mas também preserva tradições, práticas sustentáveis e comunidades inteiras.