Cerca de 3 mil pessoas participaram da Jornada do Autismo neste final de semana – sábado (31) e domingo (1º) – no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília – DF. Considerado o maior congresso multidisciplinar sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil, o encontro reuniu especialistas de renome, familiares, cuidadores, educadores e profissionais da saúde em torno de uma programação pautada por ciência, empatia e defesa de direitos.
A abertura contou com a presença da vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, e do Secretário de Turismo do Distrito Federal, Cristiano Nogueira Araújo, que reafirmaram o compromisso do GDF com políticas públicas inclusivas.
“A Jornada reuniu o que há de mais avançado e eficaz no campo do autismo. Quanto mais conhecimento circula, mais conseguimos promover qualidade de vida para as pessoas no espectro e suas famílias”, destacou Sarita Melo, idealizadora do congresso.
Durante os dois dias, os participantes acompanharam debates e oficinas que trataram desde temas técnicos, como avaliação diagnóstica e desenvolvimento motor, até estratégias de inclusão e relatos emocionantes de experiências pessoais.
Entre os especialistas presentes estiveram o doutor em neurociência Paulo Liberalesso, a neurocientista e mestre em Educação Sol Monyok, os neurologistas infantis Thiago Gusmão e Marcone Oliveira, o doutor em Psicologia Thiago Lopes, a psicóloga e mestre em análise do comportamento Meca Andrade, a advogada Carla Bertin, a fisioterapeuta Carolina Quedas e a pedagoga Talita Pazeto, entre outros nomes reconhecidos nacionalmente.
Debates sobre desafios marcam o primeiro dia
No sábado, o congresso abordou comportamentos agressivos, crises, estratégias de incentivo à autonomia e os desafios enfrentados por pessoas com autismo em nível 3 de e. A psicóloga Meca Andrade apresentou modelos de intervenção em momentos de crise e destacou a importância do preparo da rede de apoio.
Além disso, temas como rigidez comportamental e práticas pedagógicas inclusivas ganharam espaço. Um dos momentos mais emocionantes foi o Papo de Mãe, com Emília Gama, Kaká Lobe, Mirela Carla e Vanessa Ziotti, que compartilharam suas trajetórias com franqueza e acolhimento.
O encerramento foi conduzido por Paulo Liberalesso, com uma sessão interativa de perguntas e respostas. “Este é um evento de referência nacional. É um espaço de troca de experiências, atualização e fortalecimento da rede de apoio às pessoas com TEA”, afirmou o neurocientista.
Ativismo, acolhimento e inspiração
O domingo começou ao som de Maria, Maria, com o acolhimento do neurologista infantil Marcone Oliveira. Na sequência, Felipe Nilo, pioneiro nas artes marciais adaptadas para pessoas com autismo, apresentou uma oficina de autodefesa prática e ível.
Além disso, o encontro também aprofundou temas técnicos e políticos sobre os direitos das pessoas autistas. A advogada Carla Bertin ministrou uma palestra sobre o o à saúde, destacando garantias legais e barreiras ainda enfrentadas por essa população.
Já a educadora e ativista Vanessa Ziotti abordou os direitos na educação, com foco no ativismo e na luta contra práticas excludentes. “Falar sobre inclusão é falar sobre justiça. E justiça se faz com informação, fiscalização e mobilização”, afirmou, ao apresentar dados atualizados e exemplos concretos de violações de direitos.
Ao todo, 24 palestras e painéis foram realizados ao longo dos dois dias de programação, reunindo especialistas de diversas áreas do conhecimento em torno de temas fundamentais para o entendimento e o cuidado com pessoas no espectro autista.
A programação também contou com a exposição de obras do artista neurodivergente Augusto Mangussi e com a apresentação de materiais didáticos voltados ao público autista, conectando arte, ciência e educação.
