Letalidade policial em São Paulo: Impactos sociais e desafios na segurança pública

04/12/2024 15h30 - Atualizado em 04/12/2024 às 15h30

O aumento significativo das mortes causadas pela Polícia Militar do Estado de São Paulo tem gerado intensos debates sobre segurança pública e justiça social. Entre janeiro e agosto de 2024, as mortes em decorrência de intervenções policiais cresceram 78%, com um impacto desproporcional sobre populações negras e pardas, que representam a maioria das vítimas. Esse aumento coincide com mudanças nas políticas de segurança desde 2023, incluindo um menor uso de câmeras corporais, que anteriormente contribuíram para reduzir a letalidade policial.
 
Especialistas criticam a atual abordagem, destacando a falta de controle efetivo sobre o uso da força, especialmente em comunidades vulneráveis. A ausência de câmeras em algumas operações tem levantado preocupações sobre transparência e responsabilidade, enquanto dados mostram que a letalidade policial aumentou em todas as faixas etárias, com destaque para indivíduos de 31 a 40 anos, cujo índice de vítimas mais que dobrou.
 
Além disso, o viés racial é uma questão central. Em 2024, 64,2% das vítimas eram negras, um percentual que reflete a desigualdade estrutural e o impacto desproporcional da violência policial sobre grupos raciais específicos.
 
Organizações como o Instituto Sou da Paz argumentam que políticas antirracistas são urgentes para reverter essa tendência e garantir um policiamento mais justo.
 
Por outro lado, as autoridades estaduais têm defendido que as operações seguem protocolos técnicos e visam a segurança pública, mas a percepção de impunidade em casos de abusos enfraquece a confiança da população na polícia.
 
Esse cenário ilustra a necessidade de revisão das políticas de segurança, com foco na transparência, redução do uso excessivo da força e implementação de programas que promovam a equidade e os direitos humanos.